quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Dono da Dona




Martha Medeiros, ela escreve tudo o que gostaria de escrever, e eu já disse isso para ela.
Olha só este texto, quem tem um amor "felino" saberá muito bem entendê-lo ,.....
Wisky, este texto é para você .....



ARISTOGATOS


Nunca imaginei ter um bicho de estimação por uma questão de ordem prática: moro em apartamento, sempre morei. E se morasse em casa, escolheria um cachorro. Logo, nunca considerei a hipótese de ter um gato, fosse no térreo ou no décimo andar. Quando me falavam em gato, eu recorria a todos os chavões pra encerrar o assunto: gato é um animal frio, não interage, a troco de quê ter um enfeite de quatro patas circulando pela casa?
Hoje, dona apaixonada de um gato de 5 meses (e morando no décimo andar), já consigo responder essa pergunta pegando emprestada uma frase de um tal Wesley Bates: "Não há necessidade de esculturas numa casa onde vive um gato". Boa, Wesley, seja você quem for. Gato é a manifestação soberana da elegância, é uma obra de arte em movimento. E se levarmos em consideração que a elegância anda perdendo de 10 x 0 para a vulgaridade, está aí um bom motivo para ter um bichano aninhado entre as almofadas.
Só que encasquetei de buscar argumentos ainda mais conclusivos. Por que, afinal, eu me encantei de tal modo por um felino? Comecei a ler outras frases irônicas e aparentemente pouco elogiosas. Mark Twain disse que gatos são inteligentes: aprendem qualquer crime com facilidade. Francis Galton disse que o gato é antissocial. Rob Kopack disse que se eles pudessem falar, mentiriam para nós. Saki disse que o gato é doméstico só até onde convém aos seus interesses. Estava explicado por que gamei: qual a mulher que não tem uma quedinha por cafajestes?
Ser dona de um cachorro deve ser sensacional. Lealdade, companheirismo, reciprocidade, eu sei, eu sei, eu vi o filme do Marley. Cão é boa gente. Só que o meu cachorro preferido no cinema nunca foi da estirpe de um Marley. Era o Vagabundo, sabe aquele do desenho animado? O que reparte com a Dama um fio de macarrão, ambos mastigam, um de cada lado, e mastigam, mastigam até que (suspiro... a emoção impede que eu continue). Eu trocaria todos os príncipes loiros e bem comportados da Branca de Neve e da Cinderela pelo livre e irreverente Vagabundo, que foi o personagem fetiche da minha infância. E lembrando dele agora, consigo entender a razão: aquele malandro tinha alma de gato.
Imagino que, com essa crônica, eu esteja revelando o lado menos nobre do meu ser. Pareço tão sensata, tão bem resolvida, tão madura - quá! - tenho outra por dentro. Que vergonha. Levei mais de 40 anos para me dar conta de que não faço questão de uma criatura que me siga, que me agrade, que me idolatre, que me atenda imediatamente ao ser chamado, que me convide pra passear com ele todo dia. Sendo charmoso, na dele e possuindo ao menos alguma condescendência comigo, tem jogo.
Cristo, um simples gato me fez descobrir que sou mulher de bandido.


Martha Medeiros

8 comentários:

Unknown disse...

Sil!!
Adoro todas as coisas que você coloca no seu blog, são realmente de muito bom gosto, amiga!!
Beijos

Ozenilda Amorim disse...

Silvana, esse texto é muito legal e verdadeiro, tenho um gato e estou impressionada como mudei de idéia sobre felinos depois que passei a conviver com um.
;)

emerson mansano disse...

Oi Xará!

Esse texto é mesmo bonitinha.

Mas descrever o verdadeiro gato como fez Arthur da Távola, ainda está por vir!!

Desculpe-me, mas esse texto da Martha Medeiros é fichinha e é colocado no chinelo perto do que esse genial escritor brasileiro falou sobre nossos felinos.

Em breve postarei em meu blog, mas adianto-o pra vc aqui (mas prepare-se pra um encantamento pleno):

http://peshp.vilabol.uol.com.br/ode.gato.htm

Estou certa que Artur da Távola, com o texto "Ode ao Gato", está muito mais à altura do seu lindo e fofo Wisky :O)

(Sorry, Martha Medeiros...rs)

Beijoooooo

sucesso disse...

Oiii,Silvana,

Também tenho uma queda por gatos(os de 4 patas inclusive) e qualquer dia vou postar sobre o meu gatinho,que só tem 3 patinhas.Depois conto a longa história dele.Será que posso copiar este texto e colocar no meu blog?

Obrigada e parabéns pelo seu espaço virtual.
Beijos,

Sheila.

Silvana Fabbri disse...

Sheila, obrigada pela visita, claro que pode colocar no seu blog, quando está na Net é de todos né rsssss
Beijos

Me mande o endereço do seu blog.

Unknown disse...

Oi Sil,
esse texto como todos outros da Martha é muito bom. Desde criança gosto de gatos e sempre buscava cuidar se algum aparecia no quintal lá de casa, a minha mãe ía a loucura comigo, hehehehe... Hoje ainda sou assim, não tenho gatos porque não moro na minha casa e sim na da minha sogra, mas de vez em quando aparece algum aqui no quintal e acabo de alguma maneira cuidando, é até engraçado, a minha sogra levanta cedo e vai tomar o café da manhã e lá está o gato na porta da cozinha, ela até gosta porque ele faz companhia para ela.
Beijos!!!

Silvana Isabel disse...

Adorei o texto, Sil. Muito bom! Tenho loucura por gatos, tenho duas aqui em casa: a MaluCat Valentina e a Pantera. Amo o jeito independente deles e as travessuras que fazem. E aquele olhão arregalado quando são pegos no flagra? Ahahaha...
Também adoro cachorros, mas como moro em apartamento, prefiro ter só gatos.
Ah, essas fotos do Whisky estão lindas demais, que vontade de pegar esse gatão no colo! :)))))
Beijão!

Sil
esquinadasil.blogspot.com

lilly disse...

ai que lindo
eu tambem sou mulher de bandido!!!!
amo aquele keith vagabundo que só vem pro meu lado quando ele quer!
me morde, me arranha....
rsrsrsrs
bjs
lilly

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