terça-feira, 4 de outubro de 2011

Leia isso: Feliz por nada


Mais uma coletânia de crônicas dos Jornais Zero Hora e o Globo, onde Martha é colunista.
  É um livro que não dá vontade de parar de ler, cada crônica é mais interessante, atual, bem humorada que a outra ... eu sou muito suspeita, mas essa é "o cara" !!!!

Aqui vai a Crônica que mais me identifiquei ... por que será????


Aristogatos
"Nunca imaginei ter um bicho de estimação por uma questão de ordem prática: moro em partamento, sempre morei. E se morasse em casa, escolheria um cachorro. Logo, nunca considerei a hipótese de ter um gato, fosse no térreo ou no décimo andar. Quando me falavam em gato, eu recorria a todos os chavões pra encerrar o assunto: gato é um animal frio, não interage, a troco de que ter um enfeite de quatro patas circulando pela casa?
Hoje, dona apaixonada de um gato de cinco meses (e morando no décimo andar), já consigo responder essa pergunta pegando emprestada uma frase de um tal  Wesley Bates: ""não há necessidade de esculturas numa casa onde vive um gato"". Boa, Wesley, seja você quem for. Gato é a minifestação soberana da elegância, é uma obra de arte em movimento. E se levarmos em consideração que a elegância anda perdendo de 10x0 para a vulgaridade, está aí um bom motivo para ter um bichano aninhado entre as almofadas.
Só que encasquetei de buscar argumentos ainda mais conclusivos. Por que, afinal eu me encantei de tal modo por um felino?  Comecei a ler outras frases irônicas e aparentemente pouco elogiosas. Mark Twain disse que gatos são inteligentes: aprendem qualquer crime com facilidade. Francis Galton disse que o gato é antissocial. Rob Kopack disse que, se eles pudessem falar, mentiriam para nós. Saki disse que o gato é doméstico só até onde convém aos seus interesses. Estava explicado por que gamei: qual a mulher que não tem uma quedinha por cafajestes?
Ser dona de um cachorro deve ser sensacional. Lealdade, companheirismo, reciprocidade, eu sei, eu sei, eu vi o filme do Marley. Cão é boa gente. Só que o meu cachorro preferido no cinema nunca foi da estirpe de um Marley. Era o Vagabundo, sabe aquele do desenho animado? O que reparte com a Dama um fio de macarrão, ambos mastigam,  um de cada lado, e mastigam, mastigam até que ... Eu trocaria todos os príncipes loiros e bem comportados da Branca de Neve e da Cinderela pelo livre e irreverente Vagabundo, que foi o personagem fetiche da minha infância. E lembrando dele agora, consigo entender a razão: aquele malandro tinha alma de gato.
Imagino que, com essa crônica, eu esteja revelando o lado menos nobre do meu ser. Pareço tão sensata, tão bem resolvida, tão madura. Quá! Tenho outra por dentro. Que vergonha. Levei mais de quarenta anos para me dar conta de que não faço questão de uma criatura que me siga, que me agrade, que me convide para passear com ele todo dia. Sendo Charmoso, na dele e possuindo ao menos alguma condescendência comigo, tem jogo.
Credo, um simples gato me fez descobrir que sou mulher de bandido.
07/01/2010
Martha Medeiros"


Post totalmente em homenagem ao meu amigo, companheiro, confidente ... Wisky!!

Faça como os gatos, se não der para comer ou brincar com a coisa ... simplesmente se afaste.

3 comentários:

http://claudiaaoextremo.blogspot.com/ disse...

Oi Sil garota cor de abóbora!
Eu nunca tive gato, minha mamys teve dois branquinhos um de olhos verdes e o outro azu, masss um dia que o casalzinho foi dar um passeio na rua....roubaram os gatos,então nunca mais tivemos
É lindo seu Whiski muito fofo
Uma amiga tinha dois seamêses(é assim que escreve?) para doar, mas cmo eu viajava muito acabei não pegando
Mas tenho vontade de ter...quem sabe um dia tome coragem...
Beijo Sil!!!!

Neli Rodrigues disse...

Fantástica essa crônica!
Preciso urgentemente comprar esse livro.
Sil, tem sorteio de niver no meu blog, quero mto que vc participe.
Bjs♥

Luma Rosa disse...

Wisky? Me fez lembrar que quando era criança, segurei a boca de um gato e entornei cachaça. O gato passeava no muro, pingando de um lado para o outro, bastante indolente e em camera lenta tanto andava quanto miava: miauuuuuuuuuuuuuuuuuuuu um miado bem prolongado. Fiz muitas artes com gatos, como pintá-los de vermelho, azul, verde com tinta xadrez - hehehe nem te conto as minhas maldades!! Pensava que não gostava de gato até que cresci e um belo dia ganhei um gato de presente! Foi o meu bicho de estimação mais querido, mas ele pedia para sair, viu? E me esperava na soleira da porta para colocar a coleira/correia e sair com ele. Zé Ronaldo Gatinho não era um gato como os outros, ele pensava que era um cachorro!
Beijus,

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